sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Impossibilidade de preparar a terra no Jaíba deve afetar preços de carne e grãos


Helenice Laguardia
Fonte: http://www.otempo.com.br/ (Publicado em: 18/09/2009)

Consumidor vai sofrer efeitos
Deputado pede audiência na Assembleia para federalizar o projeto

A burocracia ambiental no campo vai fazer o consumidor pagar mais caro pelo alimento num prazo de cinco anos. "Se as áreas de plantio não avançarem, a oferta de comida vai diminuir e o preço vai subir para a produção da pecuária de corte, leite, suinocultura, avicultura, milho e soja", informou o representante do SOS Norte de Minas, em Montes Claros, Rodolpho Coutinho.
Ele explicou que o Brasil vai ter que importar mais com a queda da produção agropecuária brasileira devido à camisa de força imposta ao produtor rural com a nova lei ambiental vigente em Minas Gerais e no país.
"Quem vai pagar pela interligação disso tudo é o consumidor final. Mas ele tem o voto e precisa ter a clarividência necessária nas próximas eleições", desafiou o representante do SOS Norte de Minas.
Para ele, o consumidor é o grande juiz da questão ambiental no Brasil. A briga para o produtor poder desmatar e plantar em áreas fora da reserva legal está ficando cada vez mais tensa com o governo do Estado.
O SOS Norte de Minas espalhou outdoors com os dizeres "Aécio Neves: Mata Atlântica não é Mata Seca" nas áreas centrais de Montes Claros, Janaúba, Januária, Salinas, Brasília de Minas, São Francisco e outras 20 cidades do Norte de Minas. "Já temos outras oito frases para novos outdoors enquanto durar o problema. O recado é o mesmo", explicou.
Para cobrar um novo posicionamento do governo estadual em relação ao novo código florestal em Minas Gerais, produtores e entidades representativas farão um encontro em Montes Claros, na próxima segunda-feira. "Vamos discutir inclusive a tese de separação do Norte de Minas Gerais do restante do Estado", disse Coutinho.
O representante do SOS Norte de Minas lança farpas ao secretário de Estado de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho. "Ele vai sair do governo para ocupar uma posição na Organização das Nações Unidas, na área de meio ambiente, no final do governo, no ano que vem. Por isso, ele precisa sedimentar mais a posição dele no meio ambiente", explicou.
O deputado Paulo Guedes (PT), nascido em São José das Missões, também quer levar a discussão da lei ambiental para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. "Na segunda-feira vou entrar com requerimento com pedido de audiência pública para discutir a federalização do Projeto Jaíba", informou.
Para o deputado, o Jaíba deve sair das mãos do governo do Estado. "O governo enganou todo mundo. As pessoas que compraram os lotes do Jaíba II tinham autorização para plantar 100% dos lotes porque lá já tem reserva de 70 mil hectares de terras. Mas estão tomando multas quando preparam a terra para plantio.
Deputado assinou pedido de CPI da multa sem ver o que era
"Foi só um engano". A frase é do deputado estadual Tenente Lúcio (PDT) ao explicar porque retirou a assinatura para a criação da CPI da Indústria da Multa na área ambiental do governo Aécio Neves. "Todo mundo apoia por cordialidade. Assinei sem ver e por isso pedi para retirar", justificou.
O deputado Tenente Lúcio garantiu não ter sofrido pressão do governo, nem pedido de ninguém para retirar a assinatura. A debandada do requerimento do deputado Paulo Guedes (PT), autor da CPI, totalizou, até o momento, seis assinaturas. Esta semana, o deputado Duarte Belchir (PMN) também disse que não sabia que estava assinando uma CPI. "Estou convicto que não há necessidade", disse. Paulo Guedes diz que outros colegas podem ainda aderir ao pedido de CPI. (HL)




Gestão

Federalizar livraria o Projeto Jaíba do fim
O diretor do Distrito de Irrigação do Jaíba II, Eduardo César Rebelo, disse que a única saída para o Projeto Jaíba é a federalização, ou seja, passar a gestão para a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), órgão do governo federal. "Não há mais o que se discutir com o governo estadual, que não tem mais credibilidade para negociar com a gente. Se continuar assim, o Jaíba vai acabar", afirmou.
Eduardo Rebelo redigiu uma carta para o governador Aécio Neves pedindo a saída do Estado do projeto. Ele informou ontem que vai agendar uma reunião com o presidente da Codevasf, Orlando da Costa Castro, para a semana que vem, em Brasília. "Quero pedir o apoio dele para a federalização do Projeto Jaíba", disse.
O Distrito de Irrigação do Jaíba II é uma entidade que representa cerca de 70 irrigantes e tem participado de todas as discussões sobre a burocracia ambiental que envolve a região há cerca de três anos. A ideia de federalizar aconteceu depois da reunião entre produtores com o representante do IEF, João Paulo Sarmento, na última terça-feira, em Mocambinho. "Um fracasso. Achava que ele iria apresentar soluções", disse.





Minientrevista

"A lei do Estado coloca uma bomba de efeito retardado no colo do produtor"
Rodolpho Coutinho Representante e articulador do SOS Norte de Minas
Qual é a avaliação sobre o novo código florestal? A lei do Estado coloca uma bomba de efeito retardado no colo do produtor. Obriga a recompor áreas de preservação permanente que, quando o produtor plantou, era regida pela legalidade. As leis é que estão atropelando o produtor. Ele é legalista na sua maioria.
E no Norte de Minas? Temos 52% de cobertura vegetal original, ao contrário das outras regiões que não têm absolutamente nada. A Europa tem menos de 7%, na Holanda, onde nasceu o Greenpeace, é quase zero. E mesmo assim nosso IDH caiu. Isso prova que o governo Aécio Neves, com o choque de gestão, nos fez regredir no IDH em relação a outros Estados e países.
Qual é a imagem do produtor no meio ambiente? Queremos acabar com a imagem de vilão que ele tem. Quem é que se diz ambientalista e dispõe de 30% do patrimônio para o meio ambiente? O produtor faz isso e não recebe nada.
O que o governo prometeu a vocês? A reserva legal era de 20% e aceitamos a proposta do governo de aumentar para 30%. Mas o governador não cumpriu a parte dele, de permitir plantar no restante da área.
Como é a lei nos outros Estados brasileiros? Nós morrermos de inveja de um governador que defende os produtores, como é o de Santa Catarina. O governador Luiz Henrique da Silveira editou uma lei estadual protegendo o produtor, exatamente o contrário do que o Aécio Neves fez. O governador de Santa Catarina flexibilizou o uso das áreas que já estão plantadas lá com atividades seculares como o café. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, falou que ia mandar a Polícia Federal lá e o governador de Santa Catarina disse que tinha a Polícia Militar.
O que o SOS Norte de Minas quer? Queremos que o governador Aécio Neves cumpra o compromisso que fez quando negociamos o aumento da reserva legal. Mas ele virou as costas para nós. O avô dele, Tancredo Neves, não faria absolutamente nada em relação à edição de novas leis que pudessem aumentar o ônus ao produtor. Tancredo Neves sempre foi um político astuto. O Aécio, com a nova lei, atingiu todos os produtores do Estado. Ele não manteve o que foi negociado quando transformaram a mata seca do Norte de Minas em Mata Atlântica na canetada.
O que vocês vão fazer? Aumentar o nível de cobrança com um grande debate no Norte de Minas.
A CPI seria outra saída? A CPI mostraria a manipulação de todas as agendas ambientais do Estado pela mão forte do secretário de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, e o abuso das multas. (HL)
Publicado em: 18/09/2009

2 comentários:

  1. Não é só o Projeto Jaíba que está sob esta triste realidade, mas sim todo o norte de Minas. Preocupante, porque só se ver atitudes de defesa para o Projeto Jaiba. Se esquecendo que ela representa apenas 10% dos efeitos do desastre econômico que se aproxima no horizonte para toda região note-mineira.

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  2. Meus caros amigos produtores rurais. O secretário de Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, contratou a UFLA, Universidade Federal de Lavras para fazer o inventário florestal de Minas Gerais, hà 2 anos atrás. Neste inventário está a prova que precisamos para demonstrar que a região do Norte de Minas não é Mata Atlantica, e sim mata seca. Basta pegar os livros e esfregar na cara desse secretário corrupto e do governador. Porque eles estão cansados de saber que o norte de Minas não existe Mata Atlantica, e estão vendendo os créditos de carbono para a Europa e Japão, para investir nas obras do estado. São todos corruptos. Mas dentro em breve, conseguiremos as provas para incriminar esses dois políticos corruptos.

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